Minha última postagem de 2013
precisa significar a minha nova fase como profissional, amiga, irmã, filha e
como sujeito na internet.
Sou uma mulher ligada ao
sentimento, tudo que vivi sempre foi muito intenso, e como uma comunicadora
nata, sempre fiz registros dos momentos mais especiais da minha vida. Dos meus
8 anos até os 20 sempre registrava em diários os dias especiais, mas quando
ganhei minha primeira máquina fotográfica, que foi presente do meu primeiro
amor, passei a registrar imagens também. Claro que as fotos eram sempre de
momentos felizes, afinal ainda não conheço alguém que tire fotos dos momentos
tristes.
Era sempre uma felicidade levar o
filme para revelar e ver como as 12 ou 36 fotos ficavam, a expectativa de que
não queimasse nenhuma foto era grande, e eu sempre era sortuda, conseguia bater
mais fotos que o filme dizia ter. Com a chegada da máquina digital, virou uma
febre registrar todos os momentos, até aqueles mais bobos e sem significados.
Com o bum das redes sociais então, fazia questão de bater foto de tudo e
colocar na rede, alias esta febre foi geral, tenho certeza que a maioria das
pessoas que acessam as redes sociais passaram pela mesma fase. E como vivemos
na sociedade do espetáculo já algum tempo, a febre passou a ser um sintoma
natural de quem quer estar sempre conectado, aparecendo de qualquer maneira
para seus contatos. Posso falar com propriedade porque passei por isso, mas
como a evolução é um caminho que sempre busco trilhar, comecei a me questionar
quanto ao sentido de postar fotos de qualquer coisa, principalmente em relação
a sentimentos.
Quando vejo casais colocando
fotos de momentos cotidianos, trocando juras de amor, me pergunto: será que o
amor deles só não se basta, a necessidade de plateia e testemunha é tão grande
assim? Ou será que é uma questão de parecer ser feliz, chamar a atenção? Uma
resposta é certa: a platéia! Ninguém mais quer ficar anônimo, todo mundo quer
aparecer de alguma maneira, e neste sentido as redes sociais são o palco
perfeito!
"Hoje, como as pessoas não
conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas
parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam." (Fonte: http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/12528_CUIDADO+COM+OS+BURROS+MOTIVADOS).
“No mundo realmente invertido, a
verdade é um momento do que é falso.”
“O mundo prefere a imagem à
coisa.”
“O Espetáculo não é um conjunto
de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.”
“A imagem construída e escolhida
por outra pessoa se tornou a principal ligação do indivíduo com o mundo que,
antes, ele olhava por si mesmo.”
“Toda a vida das sociedades nas
quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa
acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se
representação”.
“Essa sociedade que suprime a
distância geográfica recolhe interiormente a distância, como separação
espetacular.”
Frases: DEBORD, Guy. A Sociedade
do Espetáculo. 1967.
Mas como eu sempre uso a afirmação de Nelson Rodrigues: "Toda unanimidade é burra", para refletir, provocar polêmica, e não para encerrar discussões ou aumentar o número de lugares-comuns. Resolvi ir contra ao sistema, mudar o significado dos registros nas minhas redes sociais, resolvi filtrar as minhas imagens, resolvi voltar aos antigos rituais de escrever em um diário, e revelar 30 fotos de momentos especiais. Não considero que seja um retrocesso, apenas um novo modo de significar minhas referências pessoais.
Então a partir de 2014 minhas redes sociais vão estar recheadas de matérias, imagens e conteúdos profissionais dedicados a comunicação social, as causas sociais, aos meus projetos pessoais e tudo o que sentir vontade de compartilhar. Postagens no sentido de agregar valor para os internautas, ou seja, que acho que pode fazer a diferença em uma reflexão. Quanto aos meus momentos especiais resolvi colocar em álbuns e cadernos de referencias, para que eu possa mostrar para minha platéia particular e especial, minhas testemunhas offline: minha família e meu pequeno grupo de amiga(os) que estão presencialmente em minha vida!
Sei que muitas pessoas não vão se dar ao trabalho de ler este post, mas para aquelas que interessaram-se pela minha reflexão e querem saber porque resolvi mudar o meu palco, compartilho uma das referências que me levaram a resgatar valores antigos como um álbum de fotografia que mostro no sofá da minha sala para a minha comunidade:
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